Construção Civil 4.0 chega ao Brasil: obra sem desperdício

A Indústria 4.0 é considerada a 4° Revolução Industrial, como explica o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Guto Ferreira: “inteligência artificial, robótica, análise de dados e a internet das coisas trabalham de forma integrada. Sensores permitem a rastreabilidade e o monitoramento remoto de todos os processos”.

É um movimento de modernização e utiliza conceitos como sistemas cyber-físicos, internet das coisas e computação em nuvem. Ela facilita a visão e execução de “Fábricas Inteligentes” com as suas estruturas modulares, os sistemas monitoram os processos físicos, criam uma cópia virtual do mundo e tomam decisões descentralizadas. Com a internet das coisas, os sistemas comunicam e cooperam entre si, com os humanos em tempo real, e através da computação em nuvem, ambos os serviços internos e intraorganizacionais são oferecidos e utilizados pelos participantes da cadeia de valor. Os princípios deste projeto contam com: virtualização, descentralização – a habilidade dos sistemas cyber-físicos das Fábricas Inteligentes de tomarem decisões sem intervenção humana – e capacidade em tempo real, entre outros.

A Indústria 4.0 no Brasil desponta como caminho natural para aumentar a competitividade do setor por meio das tecnologias digitais, apesar de ainda ser pouco utilizada pelas empresas nacionais. O atraso brasileiro diante da integração das tecnologias físicas e digitais em todas as etapas de desenvolvimento de um produto fica evidente porque 43% das empresas não identificam quais tecnologias têm potencial para alavancar a competitividade do setor industrial. E uma dessas tecnologias digitais é o BIM – Building Information Modeling, em português “Modelagem da Informação da Construção”.

O BIM é o conceito inovador quando se trata de projetos para construções. Diferente do desenho usual em 2D, uma mera representação planificada do que será construído, a modelagem com a tecnologia BIM trabalha com modelos 3D que, além de serem mais fáceis de assimilar, são mais fiéis ao produto final. A ideia, em sua forma mais simples, é de abandonar os desenhos planificados e a necessidade de interpretá-los para iniciar a construção, e substituí-los por um trabalho com maquetes virtuais que auxiliam a análise de erros de projeto, entre outros.

Apesar de nenhuma obra ser igual a outra, todas possuem algo em comum: elas mobilizam uma variedade extensa de materiais, serviços e demais providências para que sua execução aconteça de forma mais eficiente possível. Com o BIM, todo o gerenciamento dessa colaboração multidisciplinar torna-se uma tarefa muito mais prática – isso é o que diferencia este software da simples projeção 3D.

O modelo 3D foi uma inovação natural do desenho de projeto, mas muitas vezes o objeto modelado nas três dimensões é apenas uma ferramenta de visualização. Com a aplicação da tecnologia BIM, esse mesmo modelo passa a ter diversos “objetos paramétricos”, com a adição das informações que o software oferece. É possível, por exemplo, adicionar informações de marca do material a ser utilizado, custos e outras especificações dentro do arquivo onde o projeto está sendo modelo. Desta forma, vários profissionais (engenheiros, arquitetos, orçamentistas, entre outros) podem acessar e editar várias informações ao mesmo tempo, economizando tempo e evitando erros de comunicação que se traduzem em desperdício e atraso nas obras. “Estamos introduzindo no Brasil uma grande revolução na construção civil”, ressalta Ferreira.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) incentiva o BIM no país. Uma parceria entre ABDI e ABNT lançou um catálogo com seis normas técnicas para este tipo de obra. A Agência, ainda, editou seis guias para orientar as construções. Em 2018, estará no ar a plataforma BIM, que vai agrupar todo este conteúdo e organizar uma biblioteca de peças para os projetista.

Fonte: ABDI

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