Caixa Econômica eleva juros de financiamento da casa própria
A Caixa Econômica Federal informou, no dia 28 de março, que aumentou os juros para financiar a casa própria com recursos da poupança.
A taxa balcão – para não clientes da Caixa – passa de 9,9% para 11,22% ao ano, para compra de imóveis pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH). Já para o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que costuma financiar imóveis acima de R$ 750 mil, a taxa para não clientes subiu de 11,5% para 12,5% ao ano. As novas taxas entraram em vigor na quinta-feira (24).
É a primeira vez no ano que a Caixa sobe os juros para crédito imobiliário. O último reajuste aconteceu em outubro do ano passado.
Segundo a Caixa, o novo aumento é "decorrente de alinhamento ao atual cenário econômico".
Segundo o banco, foram reajustadas as taxas de juros para financiamento de imóveis residenciais, comerciais e mistos. As taxas dos financiamentos com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida e do FGTS não sofreram alteração.
A alta dos juros acontece duas semanas após a Caixa ter decidido aumentar de 50% para 70% o limite de financiamento de imóveis usados e a reabertura do financiamento do segundo imóvel como medidas de estímulo para reanimar o setor em meio à recessão econômica.
Nos últimos reajustes, a Caixa justificou a alta ao aumento das taxas básicas de juros (Selic), que está sendo mantida em 14,25% desde setembro do ano passado.
Na prática, o reajuste torna mais difícil o sonho da casa própria, segundo o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.
"Qualquer pequena alteração na taxa de juros pesa bastante no valor da prestação – e essa alteração não foi pequena, foi grande. Além disso, há todo um cenário de incerteza. A pessoa não sabe se vai perder o emprego lá na frente. E com a subida de juros se sente menos motivada ainda", diz o economista.
Segundo Oliveira, o reajuste dos juros da Caixa já eram esperados em razão do risco maior de crédito em meio ao cenário de aprofundamento da recessão e crescimento da inadimplência. "Todos os bancos estão subindo os juros", destaca, citando pesquisa da Anefac, que mostra quem em fevereiro as taxas de juros das operações de crédito registraram a 17ª alta consecutiva.
Crédito imobiliário em queda
A Caixa fechou o ano de 2015 com participação de 67,2% nos financiamentos imobiliários concedidos no país. A carteira de crédito habitacional do banco avançou 13% em 12 meses e alcançou saldo de R$ 384,2 bilhões. A Caixa registrou no ano passado lucro líquido de R$ 7,2 bilhões em 2015, valor 0,9% superior ao obtido no ano anterior.
O volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis caiu 33% no ano passado, na comparação com 2014, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Para 2016, a projeção é de mais uma queda, da ordem de 20%.
Na tentativa de atenuar o forte desaquecimento do seto, o governo anunciou em fevereiro que o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) decidiu ampliar o orçamento destinado a investimentos em R$ 21,7 bilhões neste ano.