Custo dos deslocamentos no estado do Rio já ultrapassa R$ 30 bilhões e impacta produtividade
No período 2011-2013, aumentou o tempo médio de deslocamento casa-trabalho-casa nas dez regiões fluminenses e também a quantidade de trabalhadores que gastam mais de 30 minutos nesse percurso. O tempo médio já alcança 2h18. As maiores elevações – tanto de tempo quanto de pessoas impactadas – ocorreram na Baixada Fluminense, porém o problema atinge todo o estado do Rio.
As condições inadequadas de mobilidade urbana têm forte impacto negativo sobre a economia e a sociedade. O custo da produção sacrificada (o que deixa de ser produzido na economia devido ao tempo perdido nesses percursos) atingiu R$ 30,3 bilhões ou 4,8% do PIB estadual de 2013 (último ano com informações disponíveis para os municípios). A análise da situação evidencia que não há municípios imunes aos problemas de mobilidade urbana.
“Os resultados evidenciam que os municípios mais impactados não são as principais cidades das regiões fluminenses, e sim aquelas situadas em seu entorno, que possuem menor dinâmica econômica e oferta de empregos. Nelas, grande parte dos trabalhadores precisa se deslocar para outro município, percorrendo grandes distâncias”, avalia Leonardo Ribeiro, assistente de estudos de infraestrutura do Sistema FIRJAN.
Reordenamento territorial
O principal fator gerador dessa dinâmica é a concentração espacial da oferta de funções urbanas: empregos, saúde, educação, lazer e serviços em geral, enquanto as áreas residenciais são cada vez mais deslocadas para as periferias. Portanto, a solução do problema de mobilidade passa por políticas de reordenamento territorial.
Embora importante, não basta investir em infraestrutura. E o problema não será resolvido pelos municípios isoladamente. O planejamento precisa ser regional, em função da circulação dos trabalhadores de uma cidade a outra.
Soluções exigem ações imediatas
É necessário distribuir a oferta de funções urbanas de melhor qualidade para todos os municípios, permitindo o desenvolvimento de novos centros econômicos. Isso inclui a promoção do uso misto do território, com regiões que congreguem habitações, indústria, comércio, educação, saúde e serviços em geral, de forma a garantir uma dinâmica econômica local.
A solução passa também pelo incentivo à instalação de indústrias nas periferias, aumentando a oferta de empregos nessas áreas. Ao mesmo tempo, é preciso fomentar a construção de habitações em locais onde já exista a concentração de oferta de trabalho. Essas políticas reduzirão a necessidade de as pessoas percorrerem longas distâncias para realizar suas atividades, geralmente nos mesmos sentidos e horários.
“Esse reordenamento territorial de longo prazo requer ações imediatas, como a alteração de planos diretores municipais e a elaboração de planos diretores regionais, que sejam orientados pela visão de desenvolvimento integrado dos municípios”, avalia Ribeiro. Ele acredita que essas políticas conseguirão tornar as cidades mais competitivas.
Para saber mais
Baixe o estudo “Quanto custa o deslocamento casa-trabalho-casa no estado do Rio”.