Entrevista: secretária da Camex debate nova atuação e políticas do órgão


 


A Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão governamental que formula e implementa políticas nessa área, passou por uma reestruturação, que inclui o anúncio de novas e importantes medidas. A instituição, agora diretamente subordinada ao presidente da República, Michel Temer, terá como foco o apoio às exportações no contexto de retomada do crescimento e a interlocução das políticas públicas de comércio exterior com as iniciativas de outras áreas.


 


Outra mudança anunciada pela Camex é a criação de um núcleo econômico, cujo objetivo será contribuir para aumentar a consistência das análises das políticas e permitir avanços em qualidade. De acordo com Tatiana Rosito, secretária executiva da Camex, a elaboração de uma estrutura tarifária também será priorizada para aumentar a competitividade do comércio exterior no país.


 


“Essa estrutura precisa ser pensada no longo prazo. Por isso devemos promover a transparência e a previsibilidade, estabelecendo aonde queremos chegar daqui a 10, 15 anos”, disse. Tatiana participou da reunião do Conselho Empresarial de Relações Internacionais do Sistema FIRJAN.


 


Para Luiz Felipe de Seixas Corrêa, presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais do Sistema FIRJAN, é necessário que a instituição promova iniciativas para tornar o comércio exterior brasileiro mais competitivo no mercado global: “O Conselho da Camex deve focar na elaboração de políticas comerciais, deixando questões mais técnicas para responsabilidade dos demais grupos que integram sua estrutura. Outro pleito importante para a indústria é o fortalecimento da legislação de defesa comercial”.


 

             Iniciativas voltadas para o financiamento e apoio às exportações e importações foi outro tema abordado por Tatiana


 


Confira abaixo a entrevista com Tatiana Rosito, secretária executiva da Camex.


 


Quais são os novos pilares de atuação da Câmara de Comércio Exterior?


 


Tatiana Rosito – Há cinco eixos principais que têm norteado nossa atuação, e que estamos organizando para construir nossa estratégia. O primeiro deles é a competitividade, que é uma agenda imensa com questões, que vão desde as tributárias e de financiamento à facilitação de comércio e ambiente regulatório. O segundo ponto é o fortalecimento da inserção internacional, com abertura de novas negociações e promoção comercial. Também entendemos como prioritária a modernização produtiva e investimentos, cuja questão central é garantir previsibilidade para as empresas. O quarto tema são os empregos sustentáveis, com foco maior no apoio às micro e pequenas empresas. Por fim, há o aspecto de se criarem políticas que apoiem a transição para a economia de baixo carbono.


 


E quais medidas serão implementadas para fortalecer a defesa comercial no país?


 


Tatiana Rosito – Na área de defesa comercial, o Brasil tem uma longa tradição, estruturada a partir do Departamento de Defesa Comercial (Decom). Na verdade não muda nada nessa área. A Camex vai continuar exercendo suas funções e competências para aprovar direitos antidumping definitivos ou provisórios e outras questões. Continuaremos atentos a todos esses temas para, quando necessário, defender o Brasil de práticas desleais de seus concorrentes.


 


Entre as iniciativas previstas, quais serão voltadas para o financiamento e apoio às exportações e importações?


 


Tatiana Rosito – Nessa área há uma agenda que é tratada sobretudo no Comitê de Financiamento e Garantia às Exportações (Cofig) e algumas outras coisas que estão sendo discutidas, como garantias na área de investimento. Esse é um tema importante que vem ao encontro de uma demanda já existente e que poderia ajudar a ampliar a eficácia dos recursos. Há medidas mais recentes que nem sempre são lembradas, como a cobertura para o risco comercial nas exportações, com prazo de menos de dois anos para pequenas e médias empresas. Temos olhado com atenção esses temas, que são de fundamental importância para exportadores, principalmente a existência de um sistema de financiamento e garantia que já existe nos países com os quais as empresas brasileiras concorrem.


 


A reunião do Conselho Empresarial de Relações Internacionais aconteceu em 4 de outubro, na sede da Federação.

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