Pulverização de recursos prejudica inovação no Brasil

Paulo Mól ao lado do senador Lasier Martins


“A tendência em investir em projetos menos robustos diminui as chances de se produzir conhecimento novo e de dar saltos tecnológicos” – Paulo Mól, à esquerda

A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do

Senado Federal

debateu nesta semana o uso dos fundos para investimento tecnológico do país. A discussão foi direcionada especialmente para os problemas com a descontinuidade e contingenciamento de recursos destinados à inovação. Além disso, deputados e especialistas abordaram a necessidade de descentralizar a alocação de verbas, hoje concentradas na academia, para que os investimentos resultem em inovação ao mercado.

O superintendente do

Instituto Euvaldo Lodi (IEL)

, Paulo Mól, participou do debate e criticou a chamada ?pulverização de recursos?. Segundo ele, o já reduzido volume do dinheiro para a pesquisa, que hoje não ultrapassa R$ 4 bilhões, é usado em projetos pequenos e ligados à academia. Iniciativas de abrangência nacional e relacionadas à política industrial representam apenas 7% das verbas. Segundo ele, o uso privado de recursos chega a 21% do total.

“A tendência em investir em projetos menos robustos diminui as chances de se produzir conhecimento novo e de dar saltos tecnológicos. Grande parte do baixo retorno econômico, científico e social do investimento público em CT&I pode ser explicado por essa realidade”, afirmou Paulo Mól.

De acordo com o superintendente do IEL, em 2017, há previsão de contingenciamento de 55% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A arrecadação prevista é de R$ 5,2 bilhões, mas R$ 2,9 bilhões não deverão ser efetivamente gastos. Outra preocupação de Mól é o desvio de finalidade de recursos do fundo, que têm sido usados para manutenção do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.


BARREIRAS

– O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (

ABDI

), Luiz Augusto Ferreira, também criticou a pulverização, que leva o país a gastar com pouca pesquisa aplicável ao mercado. Para ele, governo e setor privado devem trabalhar juntos para destinar melhor os recursos. “São eles (o mercado) que fazem, em última análise, o crescimento do país”, avaliou Ferreira.

O diretor da Associação Nacional de Pesquisa e de Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (

Anpei

), Raimar van den Bylaardt, defendeu que o lugar da inovação no país é a indústria, e que os modelos de editais capitaneados pelas universidades não são eficazes. Raimar também criticou a mudança na destinação dos recursos do antigo CTPetro, fundo que financiava a pesquisa de interesse do setor petrolífero e que passou a compor o Fundo Social do Pré-Sal. Ele defendeu a revisão dessa lei, especialmente no que diz respeito às regras de arrecadação.

O senador Lasier Martins (PDT-RS), que presidiu a reunião, informou que lutará pela aprovação de um destaque da CCT na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para proibir o contingenciamento de recursos para a ciência e tecnologia no Orçamento da União.

Da

Agência CNI de Notícias



Com informações da Agência Senado


Foto: Pedro França/Agência Senado

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