Reduzir os custos do trabalho é fator-chave para a recuperação da indústria
Uma das principais explicações para a queda na produção industrial observada nos últimos anos é o crescente aumento nos gastos com mão de obra. O Custo Unitário do Trabalho (CUT), que representa a relação entre o valor da hora trabalhada e a produtividade, teve crescimento real de 24,1% nos últimos cinco anos, de acordo com o estudo Custo do Trabalho na Indústria da Transformação, elaborado pelo Sistema FIRJAN. Mesmo com a recente desvalorização do Real, o CUT em moeda estrangeira apresentou um crescimento de 20,2% entre 2010 e 2015.
O levantamento aponta que a massa salarial no Brasil tem crescido mais do que a produtividade desde 2009. Enquanto a primeira variável teve incremento de 25,4% entre 2011 e 2015, a produtividade aumentou em 1,3% nesse mesmo período.
Dos 20 setores da Indústria da Transformação, 17 registraram aumento no CUT, sendo Veículos Automotores e Bebidas os segmentos mais afetados. As indústrias de Máquinas e Equipamentos Elétricos e Têxtil também foram fortemente impactadas, tendo incremento desses custos acima da média verificada na Indústria da Transformação.
“É uma situação problemática porque, além dos custos com mão de obra, há ainda uma série de outros encargos e obrigações trabalhistas que oneram a atividade industrial”, destacou a empresária Silvia Lantimant, presidente da Granfino Alimentos.
Ações para aumentar a competitividade
O alto custo do trabalho tem como consequência a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Segundo o estudo, em comparação com outras sete economias (EUA, Reino Unido, Itália, Portugal, Espanha, Colômbia e México), o Brasil teve a maior elevação no custo do trabalho nos últimos cinco anos. Os países que obtiveram maior redução no CUT no período analisado foram aqueles que implementaram políticas para flexibilização e modernização das leis do trabalho.
Atento a esse cenário, o Sistema FIRJAN defende ações estruturais necessárias para o aumento da produtividade que envolvem maior investimento em educação, pesquisa e desenvolvimento, além de revisão da atual política de reajuste do salário mínimo. Para a Federação, o reajuste deve estar associado, de forma direta e explícita, ao aumento real da produtividade, ajudando na recuperação das empresas e na geração de empregos nesse momento difícil da economia brasileira.