Resultado das eleições dá base confortável para governo aprovar PEC do teto, diz diretor da CNI
?Essa PEC trará algo novo para o Brasil que é, pela primeira vez, a discussão do orçamento. Nosso orçamento era uma obra de ficção” – José Augusto Fernandes
O diretor de Políticas e Estratégia da
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
, José Augusto Coelho Fernandes, afirmou para empresários brasileiros e japoneses que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impõe limite aos
gastos públicos
será uma revolução para o país e deve ser aprovada. Ele participou do painel
Panorama econômico do Japão e do Brasil e perspectivas de reforma
, da 19ª reunião conjunta do
Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão
, nesta terça-feira (4), em Tóquio, no Japão.
Segundo José Augusto, o Brasil não tem escolha em relação à meta
fiscal
, porque a pressão dos juros sobre a dívida pública é muito alta. O diretor explicou que a PEC do teto será quase um seguro para que o setor produtivo não tenha que conviver com aumentos sistemáticos da carga
tributária, o que reduz o nível de competitividade das empresas. ?Essa PEC trará algo novo para o Brasil que é, pela primeira vez, a discussão do
orçamento
. Nosso orçamento era uma obra de ficção. Se queremos gastar mais em educação ou mais em saúde, teremos que fazer escolhas. A sociedade tem que fazer escolhas. E o setor privado terá que discutir o que considera mais relevante?, afirmou.
A
PEC
prevê que, nos próximos 20 anos, os gastos do governo não poderão crescer mais do que a inflação. José Augusto lembrou que, nos últimos cinco anos, a economia brasileira sofreu profundos golpes, quando se decidiu por uma nova matriz econômica, para substituir o modelo criado em 1995 que estava dando certo. Dessa forma, a
inflação
, que era uma doença brasileira desde 1960, retornou depois de ter sido domada em 1995. Segundo ele, o reaparecimento da desordem, em 2011, foi um desastre. ?Precisamos de muita capacidade de reagir para podermos sair dessa brutal recessão, sem precedentes na história do Brasil. Não podemos ser complacentes com a questão fiscal nem com a melhoria do ambiente de negócios?, explicou o economista.
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Apesar de toda a crise recente do Brasil, José Augusto disse que o Brasil tem potencial para crescer mais do que o Japão. ?Temos
oportunidade
que devem ser capturadas pelo investidor japonês, porque estamos num processo de recuperação?, afirmou. Entre as mudanças estão o aumento da confiança do empresariado e os primeiros sinais de recuperação da produção industrial. ?Nós já passamos do fundo do poço. E a reforma mais importante para este ano será aprovada. O governo tem condições de aprovar o limite do teto. O resultado das eleições municipais criou uma base coesa?, avalia o diretor da CNI.
Por Adriana Nicacio, de Tóquio
Foto: Hirofumi Kudoh
Para a
Agência CNI de Notícias