Sistema construtivo Wood Frame pode ajudar a reduzir o déficit de habitação em curto prazo no Brasil


O momento econômico atual é extremamente desafiador para as empresas do setor da construção. A decisão de como enfrentá-lo é o que fará a diferença quando essa crise passar. Uma boa possibilidade é encará-lo como oportunidade para rever processos, tecnologias e se preparar de forma mais eficiente para a próxima fase. Uma iniciativa que vem dando certo no Paraná e ganhando adeptos no Rio de Janeiro e em São Paulo é a do sistema construtivo a seco Wood Frame, que já edificou desde obras residenciais e comerciais de médio e alto padrões até unidades habitacionais para o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e obras verticais de até quatro pavimentos.


 


A tecnologia alemã, trazida há sete anos pela empresa paranaense Tecverde, é utilizada com sucesso há mais de 200 anos também nos Estados Unidos e no Canadá. O sistema foi adaptado à realidade brasileira e fabrica de forma rápida e eficiente paredes de madeira tratada já com portas e janelas, além da estrutura do telhado, prontas para serem montadas diretamente nos canteiros de obras.


 


Considerado um dos mais modernos e robustos da atualidade, o sistema construtivo atende a vários requisitos da ABNT NBR 15575/2013 – Norma de Desempenho e Edificações Habitacionais, no que se refere aos requisitos de durabilidade, estanqueidade, impacto, conforto acústico e térmico e resistência à chuva e ao fogo, além de ser um sistema construtivo sustentável.


 


Para o presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da CBIC, Dionyzio Klavdianos, o setor da construção está aberto às inovações. “Precisamos de sistemas que contribuam para a modernização da indústria da construção”, menciona Klavdianos. A Tecverde foi uma das vencedoras da última edição do Prê- mio CBIC de Inovação e Sustentabilidade, com o Sistema Construtivo Tecverde Industrialização e Sustentabilidade na Construção Civil.


 

Vantagens


 


Uma das vantagens do sistema é a de que, ao contrário do sistema convencional em que os materiais de construção ficam expostos aos dias de chuva nos canteiros, a fabricação das paredes com estrutura de madeira, mas com o acabamento que fica igual ao uma edificação em alvenaria, é feita em um ambiente totalmente controlado, com absoluto domínio do sistema construtivo. Por isso, e com profissionais altamente qualificados, é possível executar a obra em um terço do tempo de uma convencional. Depois é só levar para o canteiro onde os painéis e os telhados são encaixados direto na obra. “A montagem pelo sistema é até três vezes mais rápida do que uma construção convencional”, destaca o sócio fundador e CEO da Tecverde, Caio Bonatto, que utiliza uma equipe de montagem com quatro ou cinco profissionais.


 


Com a tecnologia, segundo Bonatto, é possível aumentar em até cinco vezes a produtividade de uma obra, em relação a homens/hora por m2. “É possível montar uma casa no canteiro de 50m2 em menos de 2 horas. O ciclo de execução do empreendimento num sistema convencional é de cerca de três meses”, ressalta. Outra vantagem é a da sustentabilidade. Além de usar madeira de reflorestamento, o sistema, que aumenta em quatro vezes a produtividade da indústria da construção, reduz em 80% a geração de CO2, em 85% a de resíduos e em 90% o consumo de água para construção de uma casa pelo método convencional.


 


“O custo da construção é igual ou menor que o método tradicional, mas a previsão é de que no futuro seja ainda menor, porque numa fábrica há mais controle sobre o processo”, destaca o vicepresidente de Área Técnica do Sinduscon-PR e coordenador da Comissão de Estudos de Sistemas Construtivos Wood Frame (CE-002:126.11) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Euclesio Finatti, que desenvolverá a norma técnica do sistema construtivo Wood Frame. Segundo ele, o sistema construtivo está consolidado. “Ainda temos cerca de 6 milhões de habitações a serem feitas no País e o sistema pode ajudar a desenvolver a construção civil brasileira”, destaca.


 

Tecnologia


 


A decisão de trazer a tecnologia alemã para o Brasil foi tomada pela Tecverde em 2009. O objetivo inicial era buscar um sistema que mudasse a realidade da construção civil nacional, no que se refere a questões relacionadas à produtividade, riscos ambientais e condições de trabalho. Segundo o diretor de Tecnologia e sócio da empresa, José Márcio Fernandes, a ideia era ter uma solução que fosse diferente e impactasse de forma positiva o método construtivo utilizado no Brasil. O nível de industrialização foi evoluindo e em 2012 foi construída uma fábrica sob o conceito de produção em série. Em 2014 a empresa investiu em automatização e hoje a fábrica é a maior da América Latina nesse tipo de tecnologia. “Hoje conseguimos industrializar cerca de 50% de uma casa e até 80% de um prédio. Temos uma linha de produção em série que produz em torno de seis casas do Minha Casa, Minha Vida de forma bastante automatizada e uma equipe qualificada que monta da mesma forma no canteiro de obra”, destaca Fernandes.


 


Em um mês a empresa finalizou o primeiro prédio wood frame do Brasil. A obra multifamiliar é composta por dois blocos de quatro pavimentos, com 12 unidades cada um, no município de Araucária, no Paraná. Nesse caso, cerca de 70% da obra foi industrializada, consumindo menos de 4 horas homem/m2. Para a Tecverde, o prédio é um marco no Brasil para a construção em larga escala. A empresa tem a homologação para financiar casas e prédios de até quatro pavimentos e as vendas dessas unidades já serão iniciadas. No Canadá, por exemplo, é possível ter prédios de até 18 andares. Importante destacar que a madeira utilizada é aprovada pelo Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat) do Ministério das Cidades. Ela recebe tratamento adequado e tem garantida a estanqueidade do produto, ou seja, é vedada a entrada de umidade, além de ser recoberta por uma placa cimentícia na fachada externa.


 

Como funciona


 


A Tecverde, que detém a tecnologia, é quem fabrica e monta a estrutura. A construtora faz a base da obra e o acabamento. Várias construtoras como a MRV e a Casa Alta já estão investindo em Wood Frame. “Já são mais de 60 mil m2 construídos no Brasil, desde 2009 com esse sistema”, ressalta Fernandes.


 


A falta de conhecimento sobre o sistema é ainda uma barreira a ser superada. “Quando se fala em construção habitacional de madeira, as pessoas ainda pensam em casas da época dos nossos avós”, menciona Fernandes. “Nos nossos empreendimentos, as unidades estão sempre decoradas para que o cliente tenha a experiência de consumo e possa vivenciar o produto e conhecer a tecnologia utilizada”, completa.


 


A expectativa é de que mais empresas se unam para dar mais velocidade ao processo de implantação do sistema, que já é largamente utilizado em vários países. “Tenho convicção que uma parcela da construção civil brasileira possa ser utilizada nesse sistema e não vamos desempregar. Pelo contrário, será mais uma opção de contratação com profissionais ainda mais qualificados”, reforça Finatti. “Segundo ele, o sistema se desenvolveu bastante nos últimos anos e hoje a normatização é fundamental para garantir confiabilidade ao sistema. A expectativa é de que o texto fique pronto em dois anos e que as empresas possam fazer o trabalho inteiro, até fabricar. A Tecverde, segundo Finatti, tem ajudado na elaboração do texto da norma que, pela primeira vez, uma norma no sistema construtivo está sob a responsabilidade de uma entidade do setor da construção, como o Sinduscon-PR. “A norma dará o subsídio para que as construturas possam escolher os fornecedores adequados e que sigam as condições necessárias para o sistema construtivo”, disse.


 

Clique aqui para mais informações sobre o sistema construtivo wood frame.

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